quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Cascudeando




Cascudeando
Revista Kukukaya
Edição 14 -  Set/Out 2015

Escrever sobre Luiz da Câmara Cascudo não se torna uma tarefa fácil, tendo em vista que os cascudinhos e cascudianos: os seus conterrâneos, seus admiradores; seus adoradores e seguidores, podem se manifestar. E fica a dúvida se vão gostar. Cascudo tornou-se um ícone de referência potiguar, contrapondo a outros ícones em outros estados, como Gilberto Freyre em Pernambuco. Dois pesquisadores e estudiosos da cultura local e estadual. Com pitacos muito fortes na cultura e na história nacional. Descreveram o homem, a cultura e o local, a terra. Tal como fez Euclides da Cunha no episódio baiano.
Cascudeanos, potiguares e natalenses, que pisam hoje no mesmo chão que Cascudo pisou, fazendo com que tenham os mesmos pontos de vistas, a partir dos mesmos lugares que pisam e que pisaram, visualizaram e enxergaram, a partir dos locais que pisaram, até onde seus olhares alcançaram. O mar aberto diante da cidade, sem acidentes geográficos, ilhas ou ilhotas, pedras ou rochedos. Raros são os navios perdidos que possam fazer parte da moldura do horizonte. A linha que faz divisa entre o céu e o mar pode ter uma participação. Pode ter influenciado Cascudo, a não perder seus olhares para o horizonte inerte e tedioso, voltou seus olhares para o interior. O mar aberto que se espera a chegada de alguém, e nunca vem. Olhou para o interior do estado e para o interior dos conterrâneos enfeitados e com os pés no chão, um lugar de produção de cultura e tradição. Luiz da Câmara Cascudo foi conhecido por vários ângulos e nomes: Cascudo e Cascudinho; ou Luiz de Natal. E por breves minutos foi conhecido como Ludovico. Cascudo além de escrever vários livros, circulou o estado do RN, viajou muito de trem, e circulou o território brasileiro estampado em notas de cruzeiros. Escrever sobre Câmara Cascudo também não convém recorrer aos seus textos e livros, sua bibliografia e sua literatura produzida, tendo em vista que Cascudo dizia não escrever livros baseados em outros livros. Cascudo estava fugindo dos conceitos da academia que pedem um norteamento, um referencial teórico e uma bibliografia. Pesquisar Cascudo em referenciais, em bibliografias, seria cometer o pecado que cascudo dizia não cometer. Dizia não escrever livros baseados em livros já escritos. Cascudo escrevia sobre o que enxergava, e sobre o que via. Escrevia sobre imagens que desfilavam à sua frente.
Ainda que exista uma controvérsia na sua afirmação, de não escrever livros baseados em outros livros. E hoje não se escrever livros, baseados em novos livros, pois não podemos avaliar e quantificar o quanto um livro, pode ou não pode ter, modificado nossos
pensamentos, nossos referenciais e nossos norteamentos. Os teólogos seguem um conjunto de livros. Falar sobre Cascudo requer conhecer sua cidade, e reconhecer seus temas. Reconhecer e conhecer a rua em que nasceu, a cidade na qual viveu, a rua que morou e a casa que habitou, para construir ideias e pensamentos a partir dos lugares que pisou, e o horizonte que avistou. Requer entender seus olhares, e falar de outros lugares, e outros temas, que levam a outros pontos de vistas. O seu norteamento foi direcionado pela linha do trem, que traçou seus caminhos. A paisagem era a sua janela em suas viagens, que amostravam paisagens para construir suas ideias e imagens. Uma interpretação ente janelas e Windows, janelas em movimento. Janela da casa e a janela do trem. O referencial teórico de Cascudo era o seu próprio olhar. E sua bibliografia era a partir do povo que circulava ao seu redor. Fundamentado pelos saraus ensaiados e apresentados na casa de seus pais. Cascudo cresceu e viveu cenários, apresentações e preparações. O seu mundo descrevia-se ao seu redor.
 


Texto para kukukaya
http://www.publikador.com/cultura/maracaja/2015/10/cascudeando/ 

Em 05/10/15
Em algum lugar entre Natal/RN e Parnamirim/RN 
por

Roberto Cardoso (Maracajá)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalista Científico FAPERN/UFRN/CNPq 
Plataforma Lattes http://lattes.cnpq.br/8719259304706553
Produção Cultural http://robertocardoso.blogspot.com.br/   

Outros textos: 
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